SUPORTE  0800 771 1237

Flag UK

Modelos de Peering: Peering Público e Peering Privado (Parte 2)

Modelos de Peering
FACEBOOK
LINKEDIN
TWITTER

Se você ainda não leu a parte um da nossa série de artigos sobre perring, clique no link abaixo antes de ver este conteúdo.
Peering, o que é e por que usamos?

Primeiramente, é importante estabelecermos que o termo peering pode ter diferentes significados para diferentes pessoas, e nesse ponto, ele é bastante parecido com a astrologia. Muitas pessoas (aquarianos) se referem a peering ao estabelecer uma conexão entre duas redes que trocam tráfego de seus usuários. Alguns (librianos) consideram peering apenas conexões realizadas dentro de Pontos de Troca de Tráfego; e outros (leoninos), apenas conexões em Pontos de Troca de Tráfego que sejam públicos. É preciso prestar bastante atenção naquelas longas reuniões para descobrir sobre qual tipo de peering aquelas pessoas estavam falando nos últimos 20 minutos.

Para evitar confusões e alongamentos, vamos estabelecer algumas definições.

Peering, em um sentido mais amplo, realmente significa o estabelecimento de uma conexão voluntária que tem por objetivo realizar troca de tráfego entre os usuários das redes participantes. Ele tem vantagem sob o Trânsito IP convencional porque é mais barato e pode permitir uma melhor distribuição do conteúdo, aproximando-o dos usuários. Essa conexão normalmente é feita dentro de um Ponto de Troca de Tráfego (PTT), que é um datacenter que possui a infraestrutura necessária para receber diversas redes e realizar essas conexões.

Já um Peering Público é uma conexão compartilhada realizada por meio de um internet eXchange Point (IXP, que é o termo em inglês para PTT). Nesses ambientes, que são parecidos com uma grande estação de metrô, onde todos os vagões são compartilhados, e os usuários livres para trocar informações, há uma enorme estrutura de switches disponíveis em que empresas grandes e pequenas conectam suas redes e anunciam/requisitam conteúdos.

Sua empresa e outros provedores de internet podem se conectar a uma porta desses switches, grandes provedores de conteúdo (Google e Facebook, por exemplo) e provedores de serviços regionais (a prefeitura de uma cidade, por exemplo) se conectarão a várias portas e… pronto. A mágica está feita. Todos vocês trocam tráfego e, como esta troca é de interesse mútuo, a banda utilizada não é cobrada. Consideramos esse tipo de peering como gratuito, e sem dúvida, é o mais popular no Brasil.

O Peering Privado, ou private network interconnection (PNI), segue a mesma linha de raciocínio, mas com um pequeno, e fundamental, diferencial. Nesse tipo de peering, os participantes conectam suas redes diretamente, fazendo com que os vagões do metrô passem de compartilhados para exclusivos. Para isso, é necessário que ambas empresas estejam no mesmo espaço físico, normalmente um datacenter, onde um cross-connect interligará as duas redes, formando um peering físico. Mesmo que exista um investimento em infraestrutura para realizar essa conexão dentro do datacenter, este também é considerado um peering gratuito.

Ambos modelos de peering descritos acima não visam ao lucro. E embora seja totalmente optativo da entidade que detém e/ou administra o ponto de troca de tráfego escolher cobrar ou não por esse serviço, o modelo de negócios adotado determina diretamente o alcance e a relevância que o órgão pretende desempenhar em determinada região. Nos Estados Unidos, por exemplo, os IXPs são administrados pelas empresas que possuem os colocations (mesmo modelo recém-adotado pela Equinix, no Brasil), fazendo com que elas detenham o poder sobre quem e quanto vão cobrar. Espaço no colocation, porta de switches, cross-connects, entre outros. Tudo isso pode ser negociado (podendo sair de graça ou com desconto), dependendo do quão atrativo é seu nome e seu potencial.

Em realidade, os IXPs americanos não possuem membros, mas sim clientes. Muito diferente do cenário brasileiro, essas entidades americanas competem entre si e, por mais que também existam entidades públicas que administram IXPs, estas não são players relevantes no mercado americano.

Há ainda uma sub (porém importante) categoria chamada Peering Remoto. Quando sua empresa não está fisicamente em um ponto de troca de tráfego e precisa de um circuito de transporte para realizar essa interconexão, essa é chamada de Peering Remoto. Ele geralmente é mais barato do que a construção de um ponto de presença ou de uma transmissão até o destino e tem sido bastante utilizado por empresas que estão iniciando suas redes e querem ter o poder de escolha de onde se conectar. Todavia, um dos principais desafios do Peering Remoto está relacionado à latência no alcance aos destinos. Estar conectado a servidores que estão geograficamente distantes de sua rede e depender de uma transmissão não proprietária para chegar até lá podem fazer com que você queira pensar duas vezes antes de confiar grande parte de seu tráfego a essas condições.

Não é possível estabelecer peerings em uma conexão de trânsito, e você entenderá o motivo no próximo post.

Autor: João Paulo Silva Souza, Analista de Suporte Técnico Telecom da Eletronet.

Assine nossa Newsletter

Artigos mais lidos

Últimas notícias

Siga nossas Redes Sociais